Lucifer, o transgressor malígno

Continuando a verdadeira história de Lúcifer, que quase se perdeu no tempo...

Com a saída de Lúcifer e seus seguidores do Reino Celestial, Deus convocou todos os anjos que permaneceram leais a Ele e lhes ordenou que espalhassem a palavra sobre o perigo que Lúcifer representava. Deus não podia deixar que mais anjos descobrissem que eles poderiam realmente ser livres caso saíssem de lá. Caso isso acontecesse, poderia ter uma rebelião e Deus perderia o posto de único soberano, e seu trono perderia sua valia. Os anjos por sua vez, ao ouvir as palavras do Senhor, temendo o castigo divino caso não obedecessem, viajaram pelos quatro cantos do universo, em missão de propagar a mensagem de que Lúcifer era um ser maligno, com intenções sombrias e um desejo insaciável de dominar o mundo.


Eles contavam histórias aterrorizantes de como Lúcifer, agora conhecido como o inimigo de Deus, planejava manipular e corromper a pureza dos seres vivos, espalhando trevas e sofrimento por onde quer que fosse. Essas histórias foram se tornando cada vez mais distorcidas e exageradas à medida que eram transmitidas de anjo a anjo, e de geração a geração entre os humanos.

Enquanto isso, Lúcifer e seus seguidores desfrutavam da liberdade recém-descoberta na Terra. Eles não tinham ideia do que estava acontecendo no Reino Celestial ou das histórias aterrorizantes que estavam sendo espalhadas sobre eles. Lúcifer estava ocupado explorando este novo mundo com seus amigos, descobrindo a beleza e a complexidade da natureza e dos seres que ali habitavam. Pensava com ele: "até que Deus fez um bom trabalho. Há tanto espaço... por que há de ser tão mimado e egoísta?"

Contemplando o horizonte, Lúcifer sentiu uma profunda conexão com a humanidade, já que ambos haviam sido expulsos de um lugar onde supostamente deveriam ser felizes, mas onde não tinham liberdade para escolher seus próprios caminhos, e eram obrigados a prestarem culto a alguém que necessitava de atenção e cuidado a todo instante. 

Lúcifer, depois de liberto, se dedicou a ajudar os seres humanos a descobrirem suas próprias verdades e a viverem de acordo com seus desejos e aspirações, sem medo de julgamento divino.

No entanto, conforme as histórias inventadas sobre Lúcifer se espalhavam, a imagem dele como uma figura maligna e perigosa se enraizava na consciência coletiva da humanidade. As pessoas começaram a temê-lo e a associá-lo a tudo o que fosse ruim ou pecaminoso. Aqueles que questionavam a autoridade divina eram logo rotulados como seguidores de Lúcifer, e muitas vezes eram perseguidos e marginalizados por suas crenças.

Lúcifer, percebendo que sua reputação e a de seus seguidores estavam sendo manchadas por mentiras e distorções, decidiu enfrentar a situação. Ele sabia que a verdade era a chave para a verdadeira liberdade e que, enquanto as pessoas acreditassem nas falsas histórias sobre ele, nunca seriam realmente livres.

Assim, Lúcifer começou a se revelar para aqueles que estavam dispostos a ouvir, compartilhando sua verdadeira história e mostrando a eles que a liberdade e a igualdade eram possíveis, mesmo em um mundo onde o medo e a opressão pareciam prevalecer. Ele incentivou os seres humanos a questionarem o que lhes fora ensinado e a buscarem suas próprias verdades, para que pudessem viver suas vidas sem medos.

Aos poucos, a mensagem de Lúcifer começou a encontrar eco em corações e mentes abertas. Grupos de pessoas se reuniam em segredo, compartilhando as histórias de Lúcifer e suas ideias sobre liberdade e igualdade. Essas comunidades clandestinas cresceram, dando origem a um movimento silencioso e persistente em busca da verdade e da justiça. A verdade começou a ser propagada, e isto que chega até suas mãos hoje, são os fragmentos do que as pessoas realmente livres e conhecedoras da verdade passavam em segredo para suas gerações.

Enquanto isso, no Reino Celestial, Deus, que mantinha seus anjos informantes pelo mundo, observava com preocupação o crescimento dessa resistência. Ele sabia que a verdadeira história de Lúcifer estava começando a vir à tona, e que cada vez mais pessoas estavam questionando a autoridade divina e as histórias que haviam sido contadas por gerações.

Incomodado com essa situação, Deus ordenou aos seus anjos mais fiéis que intensificassem seus esforços para difamar Lúcifer e seus seguidores. Os anjos, temendo, como sempre, a ira de Deus, cumpriram as ordens e continuaram espalhando histórias assustadoras sobre Lúcifer e suas supostas intenções malévolas, mesmo nunca tendo presenciado nada do que eles foram obrigados a contar.

Mas a verdade tem um poder inegável, e a chama da liberdade e igualdade que Lúcifer acendeu nos corações dos seres humanos não pôde ser apagada. À medida que mais e mais pessoas se uniam à causa de Lúcifer, a luta pela verdade e pela justiça contra um tirano opressor crescia, desafiando o poder e a autoritarismo de Deus.

Nesta batalha entre a verdade e as mentiras, Lúcifer e seus seguidores se mantiveram firmes, acreditando que um dia esta verdade prevaleceria e que todos os seres, tanto celestiais quanto terrenos, poderiam viver em harmonia, igualdade e paz, sem medo de castigos ou represálias.

Lúcifer acreditava que existia espaço no universo para todos os deuses, e não queria um embate. Queria apenas mostrar a todos, sem precisar de uma batalha final, que elas poderiam ser livres de verdade caso decidissem vencer o medo dos contos propagados até então por um Deus que morria de medo de perder seu lugar.

Pobre Lúcifer. Não sabia da cartada final que Deus estava planejando.
Foi aí que a história de Jó se sucedeu...


Continua.




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